sexta-feira, 27 de setembro de 2013

🚬


A chuva bate no parapeito da janela. Estou cansada, mas alguma força faz com que eu esteja acordada, a pensar...
O ano letivo está a começar mesmo muito bem, o que é de estranhar. Mas o que é de estranhar mais é a minha visão sobre o que me rodeia. Sinto-me estranha, renovada, o merecido fresh start. A verdade é que ultimamente tenho ligado menos ao que sinto e tenho deixado as coisas correrem.
Não visito o meu avô desde Agosto e sinto-me mal, pois apesar de saber que, infelizmente, não vai a lado nenhum, já fez um ano desde de que o vi pela última vez, não tenho a certeza se a última vez que o vi corresponde à minha última memória, mas possivelmente não. E o facto de ter saudades dele e de não pensar nisso, tem me ajudado a encarar os dias com naturalidade e a aproveitar da melhor forma o meu último ano de vida boa, o melhor da minha vida aliás. Contudo, algo prende-me... Será por este tempo me deixar mais pensativa que tudo se remete para ti?!
Acho que tenho saudades, mas sou demasiado orgulhosa, nunca to direi. Não me ouvirás dizer mais que tenho saudades, que penso em ti "nearly every night", que gostava que estivesses presente na minha vida, que soubesses de tudo, que estivesses incluído; nunca mais serei tua apesar de sempre o ser e de nunca o ter sido... Lembro-me do dia, da hora, do momento, lembro-me de tudo e o que me lembro melhor é quiçá o sentimento que os teus mixed signals me enviaram, parecias quase Ricardo Reis que quer entrelaçar os dedos com a Lídia, mas depois pensa e acha melhor não. Não estavas lá como eu estava, não sentiste aquilo que eu senti e essa é uma das principais razões para eu me comportar do modo que me comporto atualmente - o que irá mudar, pois considero-me uma pessoa suficientemente madura para ultrapassar o que se passou -, ficando agarrada a algo que sempre me prende a ti...
No outro dia, estava a falar com uma pessoa sobre ti, uma conhecida nossa, e dei por mim a descrever-te como a melhor pessoa que conheço e pela primeira vez, chorei de saudades, chorei por não te poder abraçar mais, por não poder ter aquilo que tive, por não poder ser tua e tu meu, chorei porque nunca tenho sorte, chorei porque fiquei vulnerável, chorei porque me senti vazia e porque me apercebi que precisava de ti. Arrependi-me logo deste sentimento, achando-me auto suficiente e que devia começar a ser mais independente, que a minha felicidade só depende de mim e das minhas ações, devia deixar de ser insegura, devia deixar a vida rolar e viver um dia de cada vez, devia mudar...
A verdade é que este tipo de coisas não se escolhem, acontecem e infelizmente não desaparecem à velocidade da luz; pena que já te tenhas esquecido, que nos evitemos e que a nossa relação tenha ficado assim. Eu adoro-te miúdo, do fundinho do meu coração e com uma pitada de ódio, porque tu tanto provocas em mim uma irritação tal como um carinho que simplesmente nutro por ti, uma ligação que criei.
No entanto, a vida é feita de ciclos e etapas, não estamos de todo na mesma, mas isso não significa nada. Acho que em ti, vejo muito mais do que aquilo que tu és, vejo a minha projeção em ti, a impressão que deixas em mim; não vejo a beleza que todas falam, mas vejo aquilo que quero ver e que mais gosto em ti. Tu és, mesmo, das melhores pessoas que conheço, das pessoas que nunca quis perder e das pessoas que eu nunca consigo captar e enraizar na minha vida, talvez por ser assim, pelo meu feitio ou o meu sistema imunitário... Não te preocupes, nunca ninguém fica muito tempo, e sei que te sou indiferente, insignificante como um verme e acho triste que a nossa amizade tenha caído neste buraco negro do qual eu não consigo sair, mas tenho orgulho em tudo o que me transmitiste, no teu bom gosto e na pessoa que és, és formidável.
A chuva parou e parece ter acalmado tal como a minha mente, finalmente os meus níveis de adrenalina estão a descer e mesmo assim, eu penso em ti; penso que gostava de ser dessas pessoas que sabem lutar e alcançam o que mais desejam, mas eu não sou assim, eu recuso-me a engolir o orgulho que somente por ti tivera engolido, recuso-me a passar por algo que eu sei que não tem futuro, que eu sei que só eu é que sinto.
Tenho pena miúdo, tenho pena de não pertencer à tua vida nem tu à minha, tenho saudades e tenho tudo guardado aqui dentro. Desejo-te as melhores felicidades do mundo, o maior sucesso e que lutes por aquilo que queres duma vez por todas, simplesmente acho que te dei demasiada importância e assim sendo, já não há nada em mim "que te peça água", nunca pede a ninguém... O melhor é habituar-me.
Vou para a janela, vou ver os chuviscos a caírem impiedosamente, vou desejar que a água da chuva purifique e limpe tudo aquilo que não faz sentido eu ter, porque nunca serás meu e isso magooa-me portanto vou-me perder nos meus pensamentos, ouvir música e lembrar-me de ti como me lembro em cada verso, em cada refrão, em cada batida da música e da chuva no chão; Vou me lembrar de ti, deitado no meu colo e eu a mexer-te no cabelo, vislumbrando-me com aquela privilegiada posição;  Vou lembrar-me de ti como naquele dia, e no meu ínfimo vais mexer sempre comigo e eu vou ser sempre tua.

Sem comentários:

Enviar um comentário